a minha percepção vai além dos signos visuais, é um processo criativo que me leva a fazer figurações mentais de tudo. por exemplo, projectar em objectos emoções ou expressões: algumas das minhas pulseiras têm personalidade. umas são mais snobs que outras. há uma que fala francês.
há, também, uma jarra na minha sala, bojuda e grande, que eu julgo ser a “Maria” das jarras, faladora, trabalhadora e boa cozinheira.
tenho um candeeiro vermelho redondo e pequeno que julgo ser nostálgico e deveras romântico. fala pouco e tem uma voz fininha. trata-me na 3ª pessoa e por “menina”.
isto já para não falar no cadeirão preto e branco que tenho na sala, que se senta numa pose impecável, me olha pelo canto do olho muitas vezes em sinal de aquiescência e fuma longos charutos enquanto vê a “entrevista com o Mário Crespo”.
também me acontece, frequentemente, tentar adivinhar o rosto de quem escreve, através das suas palavras.
assim, já desenhei mentalmente os rostos de todos aqueles que que deixam mensagens no meu blog e que leio, amiúde, nos seus blogs.
também já pensei o quanto seria engraçado encontrarmo-nos numa sala, encostarmo-nos à parede e fazer um jogo a tentar adivinhar quem é este ou quem é aquele.
imagino mais uns do que outros, em função do que sinto pulsar nas palavras.
vejo-vos a pegar em livros, a fazer compras no supermercado, a parar num semáforo vermelho, a tomar o pequeno almoço.
a pentear o cabelo ou abrir um pão.
que diabo, devem pensar vocês, mas ela não tem mais nada que fazer?
o pior é que tenho mesmo. tenho e muito.
mas não deixo de pensar em coisas, em muitas coisas. e penso e desenho e desenho e penso.
depois passo a vida a pensar no que penso e no que desenho.
qualquer dia transformo-me em coisa só para poder passar o resto dos meus dias a divagar.
19/05/09
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4 comentários:
Entendo-te na perfeição. No pensamento ninguém manda e ainda bem, pois todas essas criações de imagens são do mais salutar que existe.
É verdade! Mas se relativamente aos objectos as desilusões dificilmente acontecerão, pois poderemos criar-lhes as qualidades que quisermos que não é previsível que nos enganemos, já quanto às pessoas... aquilo que imaginamos poder-se-á revelar totalmente díspar na realidade. Aí não sei se será melhor continuar a imaginar e nunca comprovar... se divagar pouco... não vá alguma revelação surpreender-nos.
Laura,
Devorei este teu texto... literalmente! O que, no meu caso, significa que adorei, que a minha atenção não foi presa pelas tuas palavras mas antes engolida e digerida até ao último ponto final!
E fiquei curiosa até à "medula" por saber como imaginas a minha pessoa!! Não imaginas quanto!!! Não queres descrevê-la para mim?! Em privado ou em público, tanto me dá, mas por favor diz-me como me vês... sim?! (lol)
Laura,
resposta no teu e-mail...
Laura
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