
Arranjei aqui uma relação para a vida.
Continuo enamorada pelo meu “photomaton”.
Gosto de o vestir bem, de o perfumar, de o mostrar a todos, orgulhosa, mãe de escrita.
Aqui sou miúda, mulher, mãe, irmã, amante, hospedeira do ar, filósofa, bailarina, escassa, mordaz, ardente, única, vagarosa, emocional.
Dou voz às tantas Lauras que em mim andam às turras ou de passo certo.
Surpreendo-me e invento-me. Conheço-me a cada texto. Cresco e crio a minha família de palavras com quem aperto os tantos nós.
Tenho um brio desmedido e fica-me um brilhozinho nos olhos sempre que aqui venho porque às vezes preciso e leio todos aqueles que também me lêem.
O porto seguro das palavras.
O ler-me são afagos. O escrever são abraços.
Escrevo para ficar perto de alguns que estão longe, escrevo para entrar dentro de mim.
O photomaton é hoje, o que é, graças a muitos que me visitam e já são “da casa”.
Gosto de pansar que deste espaço há quem conheça o pó, saiba o compasso do silêncio, a ventania e o cheiro.
E mesmo não sabendo quem são, alguns, eu sinto os olhos que ficam nas palavras.
E sabendo quem são os que são, porque se identificam, consigo deles imaginar tanta coisa, cores, sentidos, roupas e ementas.
O photomaton deixou de ser só meu no dia em que senti que podia ser de muitos.
Por isso aqui volto sempre, mesmo quando o tempo falta e o cansaço me engole, na esperança de saber que levo palavras a tantos e que essas palavras me levaram às palavras de tantos outros.
Obrigada a todos os que partilham comigo esta paixão extraordinária pela escrita
que nos permite observar e sentir as coisas e as pessoas com palavras, imagens, sons, cheiros, música
e escrever escrever sempre, sem sono, sem pressa, sem tempo, sem norte, sem medo.
e ficar em paz.