há uma cantiga em surdina
há brincos de princesa no jardim
há carreiras de familia de formigas unidas, igual à minha.
há uma porta que range com o som de antigamente
há uma voz que ri o que já não pode ser gargalhado.
há doce de abóbora
há cheiro de líquido de limpar pratas
há supertramp a tocar
há o carro do pai a estacionar na garagem
há barulho de agulhas a bater; a avó tricota na janela, ao sol.
há uma cadela de pelo encaracolado que nos ama a cada dia que passa
há irmãos que riem, leves
há uma mãe com voz e coração macios
há um pai com voz forte e segura
há canções dos tachos e dos pratos e da água na cozinha
há primas estendidas na nossa vida
que partilham somam e seguem (sempre connosco)
há livros nas estantes, flores nos canteiros,
piadas nas palavras e esperança nos olhos.
há um tempo que escorre felicidade
e se evapora em momentos felizes.
há tanta coisa que já não há.
e há: a minha memória, que nunca deixará.
de haver.
9 comentários:
há vida e amor, nas tuas memórias, Laura. :)
que belo!
fiquei assim a reviver memórias (minhas).
boa semana.
beijos
Obrigada Luis e Piedade.
Abraço.
Estou como a senhora que ficou a reviver memórias... Muito bem!1
Obrigada H. :)
As memórias são pedaços de nós. Acompanham-nos até ao fim. Gostei muito deste texto.
São mesmo, Luisa, e ainda bem.
Obrigada.
querida lau, que lindo e real...
os momentos são a substância mas as memórias encerram o verdadeiro valor.
beijos e saudades
marisa
minha querida Marida.
que saudades.
beijos apertados em abraços.
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