O que é que eu gosto mesmo mesmo no teatro? É a permutabilidade do corpo, o
engenho dos músculos, a linguagem desenhada da respiração. É a entrega mesmo
quando o cansaço parece abafar o resto; é o descortinar de um som corporal que
nunca tínhamos ouvido, é a lembrança que a memória das personagens vai deixando
impressa em nós, a imensidão de vozes que temos cá dentro, os caminhares e os
esgares, os tiques e a beleza silenciosa.
O que eu gosto mesmo mesmo no teatro é poder ser-nos em bocadinhos, lenta
e intensamente; é sermo-nos com verdade e despudor. Sem ter que agradar. Sem
medo que julguem.
Porque no teatro somos aquilo que somos e tornamo-nos naquilo que nunca
pensámos ser.
3 comentários:
Abre o pano
não existe pano
cai o pano
o tempo passa
não concordo com tudo, mas o teatro é muitas dessas coisas, Laura. :)
isto é só o "meu" teatro e a forma como o sinto, Luis.. :)
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