signos, fonemas, sintaxe, estiletes.
à medida que me embrenho na leitura e nos leitores, vou retirando dos textos significados tão díspares quanto sonoros; os estiletes dos escribas confundem-me e neles vejo saltos altos agulha,
os modelos de leitura e as técnicas pedagógicas para melhor ler dão-me ideias idiotas e salto de técnica em modelo, dou piruetas em cima da cabeça dos autores e escangalho-me, numa queda aparatosa, em cima de citações acaloradas sobre a importância da leitura.
à medida que a tarde avança, avança a minha aventura; sedimento o amor pelos livros, a certeza que o tempo que (não) perdi a ler me proporcionou uma predisposição natural para me deixar arrebatar, irremediavelmente, pelos livros.
Manguel leva-me até à Mesopotâmia, aos primeiros escribas. homens, claro. numa sociedade patriarcal, tal actividade era vedada às mulheres.
vejo-me de cabelo curto, de roupas largas, sentada num banco, a aprender em primeiro lugar os signos da escrita pictórica e mais tarde, os signos abstractos da linguagem cuneiforme.
os meus olhos acompanham os sulcos na argila, as mãos suam-me no regaço, o coração bate-me ao som dos fonemas e dos signos, que nascem e ilustram sentidos e situações.
ali, à minha frente, testemunho uma das maiores invenções da humanidade.
nela me revejo e nela me perco e nela me sublimo.
nela também sou leitora e por isso me transformo.
é este o poder continuo e absoluto dos livros: o arrebatar-nos, o fazer-nos aprender, sentir, criticar, avançar.
avançar em nós próprios, constituindo camadas de saber, experiência e sensações.
fazer-nos maiores,
20/03/16
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8 comentários:
Não tenho pejo de assumir aqui, publicamente, as minhas limitações com a língua portuguesa. Atribuo essas dificuldades ao facto de viver mais de metade da minha vida num país nórdico, onde cresci e mantenho residência, mas gosto muito de vir aqui, tentar decifrar-te, mesmo não sabendo ler nas entre-linhas.
Beijinhos e uma excelente semana!
Ao mesmo tempo que me faz (eventualmente) maior, a leitura também me faz infinitamente pequena. Pequena perante o tanto que me falta ler.
obrigada Jorge por aqui vires :)
Luísa, eu às vezes também fico pequenina...
"é este o poder continuo e absoluto dos livros: o arrebatar-nos, o fazer-nos aprender, sentir, criticar, avançar.
avançar em nós próprios, constituindo camadas de saber, experiência e sensações.
fazer-nos maiores"
Que mais acrescentar?
Um beijo, Laura.
Sermos parte das histórias, personagens com poderes mágicos de saltarmos de linha em linha! Haverá coisa melhor?
Beijos, Laura :)
beijinho Graça :)
Não há nada melhor, Maria... de facto.
beijinho :)
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