ando a semear ideias e palavras pela casa durante uns dias.
deixo-as em pó nos móveis, em cabelos nos tapetes
deixo-as a marinar no silêncio durante o dia
a germinarem no sono das minhas gatas.
e depois um dia chego a casa e sento-me
e deixo que elas me ataquem devagarinho
todas, ao mesmo tempo, muitas, todas.
sento-me então, muito mãe,
e precipito-me sobre um papel ou um teclado
e escrevo, seguido, o embrião da minha peça.
e depois de parido, mimo-o, afago-o, modelo-o
e um dia, finalmente, sei que está crescido, robusto,
e pronto.
e é mais um filho que me sai da alma.
directamente para um palco.
que é onde os meus filhos estão bem.