esta é a imagem que se tem de uma das janelas dos corredores do Hotel Infante de Sagres
Há sonhos que nascem pequeninos.
Eu e o Tiago partilhámos um sonho, certa vez. Fazer cinema. Há anos que dividíamos esta ambição.
Procurei a história em tantas das minhas histórias.
Nas minhas caixas de textos inacabados repousam personagens que ficaram só pelo perfil.
Nas minhas caixas de textos inacabados repousam inícios de argumentos que não foram fortes para me guiar as mãos pela estrada da escrita.
Fui erguendo peças, enchendo salas, desfiando histórias de mulheres que vou beber às minhas mulheres da minha vida.
Mas o sonho, meu e do Tiago, estava lá. Esteve sempre lá. A incubar.
Certa tarde pus um disco do Kheit Jarrett a tocar.
E dos meus dedos saíu o genérico.
E da minha alma saíram as duas mulheres de "Porto".
O sonho, que esteve tanto tempo adormecido, acordou.
E demos, hoje, o primeiro passo importante. No Hotel Infante Sagres.
Quando saímos, as folhas caíam das árvores e eu caí-lhe nos braços.
"Conseguimos. A partir de agora não há volta atrás."
Foi uma espécie de promessa que fizemos ali à porta daquele que será talvez o cenário mais emblemático do nosso filme.
Sim, porque desta vez, nós vamos fazer um filme.
Obrigada, Tio Quim, pelas vezes que me lá levou para brincar nos corredores. Por me ter ajudado a descobrir um dos Hoteis mais bonitos onde já estive.