o meu “Photomaton” cresceu e fez-se adulto.
foi um caminho bonito, às vezes sereno, outras revolto.
foi um caminho com muita vida dentro da sua breve vida: histórias, gentes e sítios.
o meu “Photomaton” às tantas olhou para mim e disse-me, em silêncio,
que queria mudar.
queria tornar-se adulto, ter um nome original. vestir um vestido novo.
por batôn nos lábios e um rimelzinho nos olhos.
calçar saltos altos e fazer outro tipo de viagens.
então eu escutei-lhe a cantiga amiga, de tantos anos ao meu lado.
uma cantiga de memórias, imagens, sílabas.
uma cantiga feliz por ter feito comigo um caminho ainda mais feliz.
ficamos assim um pedaço: olhos nas palavras, imagens na boca,
saudades nos dedos, histórias nos sentidos.
despediu-se de mim com um abraço apertado, daqueles que lhe ensinei,
com água de mar nos olhos e com um até já que vai durar para sempre.
o meu Photomaton fez-me ainda mais feliz as muitas vezes que fui feliz
e ensinou-me a aprender a delicadeza e a importância das pequenas coisas.
talvez por esse motivo eu tenha chamado assim ao seu vestido novo.
talvez por esse motivo eu continue a querer que ele perpetue e me prenda, sempre.
para sempre.
talvez por esse motivo ele se chame, agora, tão-somente assim:
“o sítio das pequenas coisas”.